Como resposta ao tema “Common Ground” de David Chipperfield para a Bienal de Veneza de 2012, os autores do pavilhão sérvio criaram o JEDAN:STO / 100 – uma instalação que representa o arquétipo de uma mesa em seu significado extremo ao estica-la a uma escala monumental, fazendo com que sua superfície ocupe o interior retangular do pavilhão. Este gesto minimalista rompe com a ideia comum de mesa, agregando ao objeto uma infinidade de metáforas que estimulam a reflexão e encorajam os visitantes a observarem o que acontece em torno da instalação.
A solução que propomos é uma mesa cuja superfície preenche quase todo o pavilhão. Ao negar ou inverter a escala, buscamos levar o objeto ao seu significado extremo, ou seja, o universal, o indivisível, o escultural, o banal.
Seu tamanho é traduzido em uma superfície. Sua altura se relaciona com a noção de mesa. Ocupamos o interior do pavilhão com uma lacuna projetada. A solução é escultural, pois uma de suas dimensões é enfatizada, isto é, ampliada em uma escala monumental. Queríamos enfatizar o termo – grande área vazia.
A relação entre a superfície da mesa e o volume do pavilhão cria uma tensão e define seu valor. A percepção é o tema que surge e que mais pertence a esta atmosfera. O simples é associativo e está sujeito à diversidade em percepção. A impossibilidade de perceber o objeto como um todo e sua transição para uma superfície é o que o torna belo.
Um versus Cem (em servo, mesa e cem são homônimos) pelo comissário Phd Arquiteto Igor Marić
Uma grande mesa, de 22 x 5 metros no espaço retangular do pavilhão, em torno da qual os visitantes passeiam em um corredor de 1,5 metros formado entre o objeto e as paredes do pavilhão. O todo da instalação conta também com a imagem das pessoas em torno da mesa bem como os efeitos sonoros criados pelo contato dos visitantes com a mesa.
Um contra cem (ou um contra mesa) é uma metáfora possível de “common ground”? Estamos sempre sozinhos em uma infinidade de coisas? Estamos sempre sozinhos, uns contra os outros? Em qualquer caso, está claro que um indivíduo compartilha uma “mesa” comum com muitos outros e que está sempre em um “território comum”, um espaço no qual nós nos criamos. O gesto de criar o volume da mesa – a superfície no pavilhão – é um gesto minimalista.
Tudo é branco, o branco é decomposto em um espectro de cores assim como a mesa é decomposta em uma infinidade de metáforas. Assim, a arquitetura criada é capaz de nos fascinar, despertando-nos de um sonho, incitando a reflexão e encorajando-nos a observar o que acontece ao nosso redor. O interior se torna o exterior – não somos circundados por paredes vazias, mas pela arquitetura que se coloca entre o cheio e o vazio, a definição do objeto posicionado se torna uma diversidade de percepção. Os movimentos fazem o espaço pulsar, o som preenche o silêncio, tocamos a superfície, olhamos uns para os outros e ouvimos uns aos outros. Isso nos separa ou nos une?
Queremos usar esta mesa para trabalho, conversas, negociações ou como uma mesa de jantar? Seu tamanho e sua disposição no espaço são, talvez, artificiais o bastante para nos libertar para usa-la de qualquer forma ou não? Podemos dominar seu tamanho e sua experiência artística no espaço ou isto depende de nós?
Quantas infinidades podem existir em um gesto minimalista proporcionado pelo autor da instalação desde o conceito de menos é mais? Deveríamos encontrar uma resposta para esta questão. Uma das “cem” respostas para o tema “common ground” que serão propostas neste ano na 13ª Bienal de Arquitetura de Veneza e, como acredito, não há uma fórmula para isto, consiste precisamente em uma infinidade de opiniões.
Resumo pelos autores
Projeto: JEDAN:STO / 100 (in Serbian table and hundred are homonyms)
Encarregado: PhD Arch Igor Marić
Curadoria : PhD Arch Igor Marić
Assistentes de Curadoria : PhD Arch Vladimir Milenković , Assistant Professor Arch Milan Djurić
Apoiadores: Ministry of culture, media and information society of Republic of Serbia
Autores: Marija Strajnić, Marija Miković, Olga Lazarević, Milan Dragić, Janko Tadić, Nebojša Stevanović, Aleksandar Ristović, Marko Marović, Miloš Živković and Nikola Andonov